SEGUINDO
Sigo tão somente na crença
Tudo o que há cá dentro é crença
É fé featuring força
É continuidade cantada pela garra, cantada pela atitude de quem está segura, na sua crença
Sigo com a Vida
Tudo o que há de forma forte e leve é paciência
É esperança polvilhada pela compreensão de que tudo o que não estamos a fazer é tudo o que podemos fazer!
E eu sigo
Sigo sozinha nestes dias inteiros que podiam ser de sombra dentro de casa mas não são.
Decidi que não conhecerão a sombra de mim! Decidi que seguirei com sol na minha solidão!
Sigo! Sigo com o monólogo magoado de quem sente falta!
Sigo! Sigo amparada pela espera que todos os dias deixa de me gritar
Só murmura baixinho que vai mesmo correr tudo bem, e sei que sim! Sinto que sim!
E Sigo sim! Sigo na contagem irrequieta do que não acontece porque detenho em mim o poder de saber que vai voltar a acontecer, um dia, uma noite.
Há voz embargada, quer brincar de voz emocionada, há sorrisos na videochamada
Há momentos de zoom sentimental. Há momentos de não me apetece atender, não me levem a mal. Há tanto para lá desses novos dados mas há o abraço em falta
Sonhei que Vou sair hoje!
Não quero estar imune aos abraços, beijos, elogios e gargalhadas porque eu sigo!
Sonhei que estou livre este hoje! Quero um amor contagioso, viral, ansioso e demorado! Porque eu sempre segui, porque eu estou a seguir e sempre seguirei com a certeza de que vai mesmo correr-nos tudo bem.
Está perto, eu sinto. Já não grito, eu vibro. Habituada à clausura, vou me habituar à liberdade? Conheço eu a liberdade tão intimamente e no entanto temo tão bem não a reconhecer e como eu a quero reconhecer.
Então lá eu sigo, vestida de esperança, calçada de mudança
Como me sinto, seguindo. Triunfante. Achavam mesmo que não me aguentaria?
Nem precisei eu de ser muito forte. Acho mesmo que nem um bocado forte.
Usei imensas vezes a ideia de força no meu levantar contudo foi mesmo a leveza em mim que me fez continuar. Menti-me que fui forte, apenas precisei eu de acreditar.
Dos sons da felicidade acompanharem-me
Dos cheiros da reflexão guiarem-me
Dos passos enclausurados no meu T2, a brincar de T2021, direcionarem-me
Foi sempre assim que segui. Eu e a minha crença, não aquela crença cega, que não se questiona.
Perguntei-me muito, duvidei-me ainda mais em todos esses momentos, a certeza.
A certeza de que este silêncio fechado me tornaria gigante emocionalmente.
Como eu cresci. Como me separei do meu ego para me ouvir. Escutar, de facto.
Escutar-me de facto. Parece que sigo renovada. Cansada? Renovada. Com uma pausa de um ano e tal que me permitiu pôr-me no lixo e tardiamente reciclar-me. Renovada. Pronta para viver como nunca até me cansar desse nunca e voltar a viver como sempre. Renovada, sigo.
Sigo tão somente com confiança.
Tudo o que há cá dentro é confiança. Pode ser em excesso?
É certeza rimada com delicadeza
É vontade cantada pela capacidade de me sentir singular na minha terra da confiança.
Sigo com a Vida
Tudo o que há de forma doce e sentida.
É loucura mergulhada na sobriedade de quem sabe que está prestes a chegar aonde quer.
E como soube tão bem seguir com esta magia de fada madrinha disfarçada de sereia, filha de unicórnio. Sigo livre sendo tudo neste espaço mental nada confinado. Rebelde. Ousado e completamente libertado. Totalmente livre no momento em que o mundo o adivinhava encarcerado. Totalmente sonho encharcado de dias melhorados, de dias pensados no Nós, de dias desenhados numa existência feliz nos momentos incontáveis. E quê das noites? As noites são para voar, as noites são a existência dos momentos contados de excelência inenarrável enquanto se aguarda com inteira paciência pelo sol.
Sigo seguindo.
Sendo filha de um ano e tal de barulhos em silêncios continuados.
Sigo seguindo
Sendo luz sobre mim mesma, criando força dentro de mim mesma.
Sigo seguindo, sabendo que somos agora herança do aprender a melhor viver.
Cancelei as reclamações, sigo.
Eliminei as birras, sigo
Desconheço o mau humor, sigo
Fiz download do positivismo consciente de que as coisas vão correr bem não porque o menos bom deixará de acontecer mas certa sim de que as coisas vão correr bem porque eu contornei o que me podia magoar mais: a, minha, falta de crença, a, minha, falta de confiança.
Então eu sigo. E como eu sigo.
Deixei o sofá respirar, nem bem arrumei o quarto 2021 e sigo.
E vou seguindo.
Um pé dentro, outro fora, coragem totalmente de fora e sigo.
Yeap, acho mesmo que renovada, sigo.
Registada como Telma Marlise Escórcio da Silva, mas aqui apresentada como Tvon, nasce num dia de sol chuvoso no Abril de Luanda, de Angola, residindo em Lisboa, de Portugal, desde os tempos do ensino basicamente básico. A Licenciada em Estudos Africanos pela Faculdade de Letras da Universade de Lisboa e a Mestre em Serviço Social pelo ISCTE-IUL é também amante da cultura Hip-Hop, apaixonada pela defesa dos Direitos Humanos, e a Devoradora das Literaturas Africanas. Apenas uma Mulher. Apenas a Mulher. Apenas.
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